sábado, 24 de julho de 2010

AS PROTEÍNAS E SEUS AMINOÁCIDOS

O PODER DAS PROTEÍNAS

As proteínas (existentes nas carnes, ovos, leite, nas leguminosas secas e em todos os derivados desses produtos) ajudam a construir, man¬ter e reparar os tecidos do corpo, sendo fundamentais para o cresci¬mento. As proteínas são constituídas por complexas cadeias de aminoácidos. Quanto mais aminoácidos tiver a cadeia, mais rica e útil é a proteína para o nosso organismo. Exemplos dessas proteínas ricas são as das carnes (como hemoproteínas e heteroproteínas), do leite (lactalbumina e caseína), do ovo (ovalbumina e ovovitelina) e da soja (glicinina).
Os aminoácidos têm diferentes efeitos, como fornecer energia rápida, apressar ou retardar o metabolismo, ajudar a constituir tecidos etc.
Como os alimentos mais ricos em proteínas são as carnes e seus derivados, os adeptos de dietas vegetarianas devem buscar proteínas complexas em leguminosas como feijão e soja, que são dos poucos alimentos de origem vegetal que rivalizam com as carnes no quesito proteínas. Por isso essas leguminosas são base das dietas vegetarianas.
As proteínas exercem as mais variadas funções biológicas, atuando como enzimas, elementos de transporte de moléculas, contratoras de movimentos, estruturais e de defesa, entre outras.

Veja alguns detalhes desses cinco tipos básicos de proteína.

a) Enzimas: são proteínas altamente especializadas, com atividade catalisadora. É o caso da papaína do mamão, que apressa a digestão de proteínas. Existem mais de 2 mil enzimas, cada uma capaz de apressar um tipo diferente de reação química.

b) Proteínas transportadoras: são as que levam moléculas ou íons de uma célula para outra. Uma delas é a hemoglobina, que transporta oxigênio dos pulmões aos outros órgãos e tecidos, sendo vital para o processo químico da respiração.

c) Proteínas de movimento: são as que induzem a mudanças de forma e movimento em algumas células. Elas são também responsáveis pelas contrações musculares. Alguns exemplos desse tipo de proteína são a actina e a miosina, presentes no sistema de contração dos músculos esqueléticos.

d) Proteínas estruturais: dão proteção e firmeza aos organismos. Um exemplo é o colágeno, constituinte de cartilagens e tendões, com grande resistência à tensão. Outro exemplo de proteína estrutural é a queratina, que forma unhas e cabelos.

e) Proteínas de defesa: constituem o nosso sistema imunológico, pois são formadoras dos leucócitos ou glóbulos brancos e dos anticorpos (proteínas que reconhecem e neutralizam vírus, bactérias e outras proteínas estranhas).




E O QUE SÃO OS AMINOÁCIDOS?

Os aminoácidos são os constituintes das proteínas, que entram na composição e no funcionamento de todas as nossas células, órgãos e estruturas. Provas do parentesco genético entre todos os seres vivos do planeta, os aminoácidos são codificados pelo próprio genoma de cada organismo (isto é, a receita para nossas células fabricá-los ou trabalhar com eles já vem no nosso DNA). É graças aos aminoácidos que a vida adquiriu a extraordinária complexidade de formas neste planeta, pois são eles que orientam as células a fabricarem tecidos e órgãos. Eles orientam também a coordenação entre os tecidos e órgãos, pois constituem os componentes essenciais do sistema nervoso, os neurotransmissores.
Os alimentos nos fornecem muitas proteínas que contêm aminoácidos já sintetizados. Mas nosso organismo é capaz de fabricar outros aminoácidos necessários à construção de células e tecidos decompondo as proteínas.
Nosso organismo retira aminoácidos das proteínas das carnes, leite, queijo, ovos e leguminosas. Eles são usados para fornecer energia e para a construção e funcionamento de células e tecidos. Depois que a proteína é decomposta em nosso organismo, cada um de seus aminoácidos passa a desempenhar diferentes funções. Alguns até agem como enzimas que apressam ou diminuem a velocidade do conjunto de reações químicas das células, órgãos e tecidos do organismo.
Milhares de novas combinações de aminoácidos podem ser feitas pelo próprio organismo para ele mesmo fabricar o aminoácido ou molécula química de que necessita.
Um dos aminoácidos, por exemplo, o triptofano, age sobre os neurônios e tem efeito antidepressivo. Mesmo pequeníssimas quantidades, tem a propriedade de fazer aumentar, nas células nervosas, os níveis de outro neurotransmissor, a serotonina, causando sensação de bem-estar e aumentando a acuidade mental.
Dez aminoácidos são sintetizados pelo nosso próprio corpo e por isso são chamados de não-essenciais, isto é, não é preciso buscá-los nos alimentos. Apesar disso, é possível encontrá-los nos alimentos também, o que é útil em certas doenças que provocam sua carência no organismo.


Aminoácidos não-essenciais
(são produzidos pelo nosso próprio organismo)

1 - A alanina atua na síntese de proteínas e na transformação do glicogênio em energia. Transporta íons amônio produzidos pelos músculos para o fígado, formando glutamatos (que fazem parte do ciclo da uréia) e piruviratos. Ela regula o metabolismo das células e reduz o colesterol.

2 – A asparagina é essencial para o funcionamento do sistema nervoso. Ela também participa da síntese do amoníaco produzido pelos resíduos tóxicos do metabolismo, que assim transformados são eliminados pela urina.

3 - A sisteína tem propriedades antioxidantes e age como a vitamina C, combatendo radicais livres que se formam como resultado das reações químicas do organismo. Participa de varias funções das células. A sisteína reduz os efeitos tóxicos do álcool no fígado e outros órgãos. É essa proteína que faz as ovelhas produzirem lã.

4 – A glicina atua como neurotransmissor com função de inibição no sistema nervoso central. Age especialmente na medula espinhal, talo cerebral e na retina.

5 – A glutamina combate o estresse metabólico, tem efeito antioxidante e fortifica o sistema imunológico. Sua biossíntese pelo organismo ajuda a eliminar dos tecidos e especialmente do cérebro um resíduo de metabolismo que se torna tóxico em altas doses: o amoníaco. Encontra-se em grande quantidade nos músculos do nosso corpo (dos quais constitui 60% do total de aminoácidos) e também no sangue. Participa da síntese de proteínas e por isso é usada como suplemento alimentar por quem faz musculação. Alterações nos níveis de glutamina no sangue podem indicar doenças, como a necrose intestinal.

6 – A histidina e produzida em maior quantidade pelo organismo dos bebês e das crianças. E o aminoácido precursor da biossíntese da histamina, substancia liberada para proteger o organismo. Em grandes quantidades, a histamina provoca as conhecidas reações alérgicas (coceira, pruridos na pele, etc.).

7 – A prolina está relacionada com a produção de colágeno e com a regeneração e manutenção dos músculos e ossos.

8 – O ácido glutâmico é o neurotransmissor responsável pela excitação do córtex cerebral. Acumula-se no cérebro em altos índices (100-150 mg em cada 100 g de tecido). Participa das trocas de energia entre os tecidos. O estômago, o intestino, o pâncreas e o baço consomem 95% do ácido glutâmico ingerido na dieta. É um aminoácido-chave para a vida tanto dos animais como das plantas.

9 – O ácido aspártico ou aspartato é outro aminoácido que atua como neurotransmissor, facilitando a comunicação entre os neurônios. Dele deriva o adoçante sintético aspartame. Como as vitaminas lipossolúveis, os aminoácidos podem fazer mal, se consumidos em excesso. É o caso do ácido aspártico, para quem abusa do adoçante dele derivado, pois comprovou-se que o excesso de aspartato e glutamato no cérebro mata neurônios por permitir afluência excessiva de moléculas de cálcio para dentro dessas células.

10 – A tirosina foi descoberta na caseína, uma proteína do queijo. Sua falta genética (quando o organismo nasce sem a capacidade de produzir esse aminoácido) causa o albinismo. Participa da formação da melanina, que dá cor morena à pele. É também um neurotransmissor. Desequilíbrios de tirosina estão relacionados ao mal-de-Parkinson. Participa da síntese de catecolaminas pelo nosso próprio organismo, formando o neurotransmissor dopamina. Participa da formação dos principais hormônios produzidos pela glândula tireóide: tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). Esse aminoácido consta na fórmula de remédios indicados para combater depressão e estresse. É também usado em pacientes esquizofrênicos, pois constatou-se que uma das características dessa doença são as falhas no transporte desse neurotransmissor. Os esportistas o usam para dar energia em atividades físicas intensas.




Aminoácidos essenciais
(precisam ser ingeridos nos alimentos)

1 – A arginina participa da síntese de hormônios e dos processos de divisão celular e cicatrização, sendo importante na formação de músculos. Esse aminoácido está envolvido em muitas das atividades das glândulas endócrinas. Quando o organismo o estimula, fornece material químico para o aumento do número de células de defesa no sangue (leucócitos). Tem efeitos redutores dos níveis de colesterol. Estimula a liberação de hormônio do crescimento (somatropina), reduz os níveis de gordura corporal e favorece a recuperação depois de esforços físicos, por causa da capacidade que a arginina tem de retirar amoníaco das células (resíduo de atividade muscular resultante do exercício anaeróbico). A arginina converte o amoníaco em uréia, que é filtrada pelos rins e eliminada pela urina. A falta de arginina causa problemas nos rins. Os gatos são mais sensíveis que o homem à falta de arginina. Por isso seus donos precisam suprir sua dieta com esse aminoácido para que seus bichinhos não passem suas vidas inteiras sofrendo com dores agudas por causa de pedras ou outras doenças nos rins.

2 – A isoleucina, a leucina e a valina constituem os chamados aminoácidos ramificados. São substâncias que repudiam a água (hidrófobas). A combinação desses três aminoácidos compõe a terça parte dos músculos esqueléticos do corpo humano. Atuam na síntese de outras proteínas pelo nosso organismo. Os aminoácidos de cadeia ramificada são indicados pelos médicos para tratamento de pacientes que sofreram queimaduras ou como suplementos dietéticos de atletas que praticam musculação. Esses aminoácidos estimulam o glicogênio muscular a fornecer glicose nos esforços físicos, reduzem a fadiga do sistema nervoso e fortalecem o sistema imunológico.

3 - A leucina, a isoleucina e a valina constituem os chamados aminoácidos ramificados, que atuam em conjunto. Veja explicação em isoleucina, acima.

4 - A valina, a isoleucina e a leucina constituem os chamados aminoácidos ramificados, que atuam em conjunto. Veja explicação em isoleucina, acima.

5 – A lisina entra na constituição de todas as proteínas do organismo. É imprescindível para a constituição dos músculos e a absorção cálcio. Esse aminoácido é muito útil para apressar a cicatrização de pois de intervenções cirúrgicas e lesões. É também fundamental para a produção de hormônios, enzimas e anticorpos. Estudos sugerem que suplementos com leucina melhoram casos de herpes. É útil tanto para crianças, nas quais estimula o crescimento, adultos, para manter a saúde, e idosos, para retardar o envelhecimento. A lisina é também ingrediente de alguns remédios de última geração para tratamento do câncer: associada com outras moléculas, a lisina faz com que as células cancerosas se destruam diante da luz (tratamentos com fototerapia). As células saudáveis não são afetadas.

6 – A metionina é um intermediário da síntese de sisteína, carnitina, taurina, lacitina, fosfatidilcolina e outros fosfolipídeos, o que a torna ingrediente indispensável para tonificar o sistema nervoso e aumentar a acuidade mental e a capacidade de atenção. Falhas químicas no processamento da metionina estão associadas a arteriosclerose.

7 - A serina faz parte da composição da maioria dos glicolipídios das células animais. Fornece energia para as células, músculos e sistema nervoso e melhora a comunicação química no organismo.

8 - A treonina resulta em geral dos processos de fermentação por parte de micróbios, como as leveduras. Estimula o sistema nervoso e protege as artérias.

9 – O triptofano tem ação antidepressiva e é encontrado em grande quantidade nos ovos, leite, cereais integrais, chocolate, aveia, sementes de gergelim, grão-de-bico, óleo de girassol e espirulina. Favorece o sono, pois estimula a produção de serotonina, que é precursora do hormônio melatonina, vital para regular o ciclo de sono e vigília.
É usado para tratar obesidade causada por ansiedade, pois o triptofano ajuda a controlar o apetite, evitando a típica fome ansiosa. Por controlar o estresse, acaba melhorando os níveis de insulina, que são sensíveis aos estados nervosos da pessoa. Diminui a irritabilidade e ajuda o organismo a produzir vitamina B3 em síntese interna.

10 - A fenilalanina ocorre em grande quantidade nos alimentos ricos em proteínas, tanto de origem animal (carne, ovos, leite e derivados) como vegetal (arroz, feijão, bolos, doces). A fenilalanina é um antidepressivo de ação rápida porque bloqueia um tipo de enzima chamado encefalinasa no sistema nervoso central, permitindo o aumento de endorfinas, que são degradadas por essa enzima. A fenilalanina é usada no tratamento de dores nas costas, cólicas menstruais, enxaqueca, dores musculares e artríticas. Como é uma substância doce, a fenilalanina é usada como adoçante sem calorias (aspartame).
A fenilalanina é tóxica para algumas pessoas, portadoras de uma enfermidade genética chamada fenilcetonúria. O organismo dessas pessoas não produz as enzimas fenilalanina hidroxilasa e diidropterina reductasa, cuja carência faz com que o metabolismo da fenilalanina resulte numa substância neurotóxica, o fenilpiruvirato, que afeta gravemente o desenvolvimento do cérebro. Nos portadores de fenilcetonúria, a fenilalalanina é cumulativa e causa danos cada vez maiores, como cálculos renais em abundância e muitos outros incômodos indicadores de deterioração do organismo.


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